segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Happiness is a warm gun. Or not.

Texto que cai como uma luva do blog http://freetim3.wordpress.com

Ok, deu a louca na blogueira! Não sei bem o motivo, mas ultimamente pedaços de letras de música têm parecido bons títulos para mim. Talvez seja minha falta de habilidade para nomear meus textos. Ainda bem que não sou a única a ter dificuldade com isso!

Quanto à música, é dos Beatles. E é bem legal. (Tenho um amigo que vai adorar isso… heheh!)
Estou escrevendo esse post porque em uma única semana fui “bombardeada” com questões de gente com “crise de felicidade”. Inclusive gente que queria saber como é que eu consigo ser feliz o tempo todo. A questão, na verdade, é que só tenho contato social quando estou bem. Quando não estou, estou inevitavelmente mal-humorada e simplesmente não quero ver nenhum ser-humano na minha frente, a não ser aquele que possa resolver o meu problema. Engraçado que quando há alguém que possa resolver o problema, é a última pessoa que encontro… Normalmente os solucionadores costumam ser um remédio pra cólica ou um café.

Bom, é evidente que não dá para ser feliz o tempo todo. Mesmo nos meus melhores momentos, continuo sendo um ser das cavernas pela manhã, antes de me alimentar (a comunicação se reduz a grunhidos e se eu for contrariada, podem virar rosnados e, quem sabe, um ataque de garras de dentes… é divertido, quer tentar? xD). E tenho TPM, cólica, computador que dá pau, internet que não funciona, mil coisas pra fazer num dia curto e absolutamente nada num dia longo.

"Summer of Happiness" by Bloddroppe
Mesmo com tudo certo, as pessoas se chateiam, se obrigam a aturar quem não gostam para manter o ambiente escolar/familiar/do trabalho suportável, se atulham de trabalho e não conseguem dar conta, fazem coisas erradas, levam bronca, fazem coisas certas e ninguém reconhece quando se quer reconhecimento. Fica doente, dá uma topada e quebra o pé. Briga com o cônjuge (fica/namorado/noivo/esposo/amante). Briga com a mãe, o pai, os amigos. Vê filme ruim. Todo dia acontecem coisas que nos deixam chateados, tristes, com raiva, de mal-humor… A culpa às vezes é nossa, às vezes não. A questão é: você vai realmente perder um dia inteiro por causa disso? Ok, se um parente próximo morre ou o amor da sua vida resolve que não quer mais olhar na sua cara, não dá mesmo pra ir dormir feliz. Acontece que o quanto você fica abatido por causa dos contratempos é, sim, culpa sua.

Do mesmo jeito que acontecem coisas ruins todo dia, todo dia acontece coisa boa também. Um e-mail, telefonema ou carta inesperados. Aquele colega que tem uma boa história. Um dia de sol quando você vai passar a tarde inteira saracoteando de um lado para outro da cidade. Terminar um trabalho, fazer algo divertido para passar o tempo, conseguir divertir alguém… Há uma infinidade de itens para essa lista! (para duas listas do gênero, confira aqui e aqui.) E adivinha a quem cabe se satisfazer com essas coisas e buscar ainda mais? Yep, a você.

Chavão de psicólogo, né? Mas é verdade.

Tudo quanto é psicólogo, pseudo-psicólogo, livro de auto-ajuda e adjacências diz que isso de tristeza e felicidade é coisa da nossa cabeça e cabe a nós controlarmos isso. Se é pra jogar o psicologês, pessoas com locus de controle interno são mais felizes que as de locus de controle externo. E sim, eu sei que só paguei uma cadeira de psicologia, mas isso foi comprovado por uma pesquisa, apesar de não precisar estudá-la para saber que funciona. Simplesmente aqueles que assumem a responsabilidade pelo que acontece em sua vida são mais felizes do que quem acha que a culpa é do outro, do emprego, do curso que é ruim, que aconteceu porque “deus quis”. Se a culpa é de qualquer outra coisa, é do passarinho que sujou o carro novo da sua avó, mas não sua, como é que você vai poder tomar as rédeas, ver o que pode ser resolvido e prosseguir? Vai esperar que o passarinho vá lá com uma flanela. Que o namorado venha pedir desculpas porque passou o dia assistindo aquelas coisas chatas que você não suporta e que ele nem ao menos sabia que você não suportava, que sua mãe venha lhe dizer o que fazer com o prato estraçalhado, a comida no chão da cozinha e o corte na sua mão, daonde o sangue sai em borbotões. Ou que deus venha do céu com uma luz luminosa e diga que vai tirar todo o peso dos seus ombros para que você tenha uma vida feliz. Vai fazer seu filho tomar consciência, parar de encher a cara e estudar para o vestibular. Dream on. (E eu nem gosto de Aerosmith.)

É. Resolver as coisas por si só dá uma satisfação danada. Ou pelo menos saber que quem tem que fazer algo é você, pode até ir conversar sobre o problema com outra pessoa que, dependendo de quem for, ainda vai dar aquela clareada nas opções e tornar as coisas mais fáceis para você resolver.

Além daqueles que deixam tudo nas mãos dos outros, tem os que resolvem que vai se anular pela felicidade alheia. Sempre. Já não é mais um samaritano, é um mártir. E o que é que os mártires fazem, além de sofrer a vida toda? Eu não sei e não tenho vontade de descobrir. E sim, acho que devemos, de vez em quando, fazer algo por alguém. Não por todo mundo, que o vizinho da irmã do cunhado da sua tia que só é sua tia porque se casou com seu tio não precisa que justo você mova mundos e fundos por ele. Se é pra fazer por alguém, que seja alguém mais próximo. Até porque o tal vizinho lá dificilmente faria o mesmo por você e sua família e seus amigos sim, capicce? Tem gente que eu sugeri que se tornasse mais egoísta, que pensasse pelo menos um pouco em si, porque já tinham se esquecido de que eram pessoas com vontades e necessidades como todo o resto da população humana.

Além, claro, daqueles que acham que quando tiverem aquela quantidade x de coisas, aí sim vai ser feliz. Essas esquecem que quando tiverem aquilo, vão querer mais. Quando comprarem o primeiro apartamento quarto-e-sala vão sentir saudades do conforto da casa dos pais e vão querer mais espaço. Um lugar com escritório, quarto de hóspedes, umas plantinhas. Depois um jardim, um quintal, uma piscina, 5 cachorros e 13 gatos. Vão casar, aí vão querer ter filhos. Pode ser que não, mas se quiserem e tiverem filhos, vão querer dar o melhor pra eles, vão querer boas escolas, boas notas, curso de inglês, aula de natação, boa faculdade, bom emprego, netinhos para mimar, vão querer que sejam pessoas responsáveis, educadas, conscientes… Vai dizer que termina um dia?

Eu gosto muito da metáfora de que a vida é uma estrada. E tem gente que acha que só vai ser feliz quando chegar ao fim dela. Como assim? Vai esperar morrer? Porque é o que acontece quando chegamos ao fim e depois disso não tem mais nada. A tal estrada é cheia de curvas, múltiplos caminhos a serem escolhidos, cruzamento com outras estradas… Se o passeio não for divertido, estamos lascados! Imagina aí 72 anos (a longevidade média do brasileiro) sofrendo na vida?

Eu escrevi esse post pra servir de puxão de orelha. Não exatamente para quem veio falar comigo a respeito, porque as orelhas que precisavam ser puxadas estão devidamente vermelhas e ligeiramente inchadas. Talvez para mim mesma, num momento futuro, quando eu começar a me deixar abater por qualquer coisinha à-toa que venha a acontecer. Como o período de aulas deve recomeçar dentro de pouco tempo, acredito que não vá demorar até que eu precise ler esse post.

** Coloquei a letra de “Dream on” só porque falei de Aerosmith. O que eu quis dizer foi “vai sonhando”.

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